13 de julho de 2006

É este o espirito!!!

Deixo aqui este texto, que demonstra aquilo que deve ser o espirito do coleccionador. Pelo menos é isso que defendo e que tento passar para os possiveis intressados. De referir que é um texto escrito por uma miuda de 14 anos...

"Dinheiro: um instante de reinado"

"Dinheiro, escuto essa palavra desde que nasci, muito antes de saber o seu significado a sua cor, formato e principalmente o seu "peso" (valor). Conforme fui crescendo, fui entendendo que esse tal dinheiro deveria ser muito importante mesmo, afinal os meus pais ficavam horas fora de casa, trabalhando para ganharem o dinheiro. Se quisesse algum brinquedo ou doce, ouvia minha mãe dizer: - Eu não tenho dinheiro.

- Puxa! Esse tal dinheiro é mesmo poderoso, mas ainda nem começava a imaginar o quanto.
- Você já ouviu falar do homem mais pobre do mundo? Mas de Bill Gates já! Você já ouviu Falar da kwanza? (moeda de Angola)). Mas do dólar já!
Então, depois de uma certa idade, resolvi tentar entender um pouco mais o seu "valor e poder" e descobri que precisaria de estudar muito, pois atrás do dinheiro de cada país vem uma longa história de arte, religião, geografia, economia, comércio, cultura. O património da civilização de um país através de suas moedas e notas, costumes e tradições de um povo, desde as raízes de seu passado até o presente.

Observar, estudar a moeda de um lugar significa entrar num maravilhoso romance, num filme de aventuras ou penetrar numa época desconhecida da história ou da civilização. Abrange também as transformações sofridas pelas notas, cuja aparição está directamente relacionada à invenção do papel, ocorrida na China, entre os séculos I e II da nossa era.
Os chineses também intuíram as vantagens da utilização do papel-moeda, sendo os primeiros a utilizá-las.

Não é fácil livrar-se do fascínio produzido por esse pequeno objecto redondo de metal e da conseqüente viagem através do tempo e do espaço. Os modelos iconográficos que aparecem nas moedas e notas de banco apresentam uma grande diversidade, sendo por si mesmos motivo de colecionismo, e é fascinante, pois quando os observamos podemos ver modelos de animais e plantas, cidades e monumentos, desportos, arte, meios de transportes, religião, reis e rainhas e heráldica.

Para um colecionador, isso não tem preço, mas olha só o dinheiro entrando em cena novamente! Quanto mais rara melhor, e é aí que os erros entram. Quando uma moeda ou nota está sendo fabricada e ocorre um erro durante sua impressão, os fabricantes interrompem o processo para corrigi-las. Logo os numismatas correm para comprá-las, pois quanto mais rara mais valiosa.

Nunca vou esquecer quando meu pai, que é um numismata, através da internet (leilão) conseguiu comprar uma moeda antiga e rara. Ela não tinha o formato perfeito e o seu metal nem era ouro ou prata, mas o meu pai estava tão feliz que nem acreditava... eu só me lembro das suas palavras: - Imaginem quem segurou esta moeda! - Quantas mãos diferentes a tocaram! - Que histórias ela nos pode contar! E olhando para aquela "moedinha escura e sem brilho", pude entender que mesmo um dinheiro que não tem nenhum valor para alguns, para outros pode não ter dinheiro no mundo que pague. Pude perceber que através da conservação das notas está a cultura de um povo. Pude conhecer um pouquinho desse fascinante mundo dos numismatas e aprender muito, não só sobre meu país, mas também sobre toda a civilização e sua história. E pude concluir que ainda existem muitos "judas" que por "30 moedas" se vendem, entregando qualquer um. Mas para mim, o simples movimento de girar uma moeda entre os dedos, observando-a com atenção, e de imaginar qual seria a história que ela me resgataria... não tem dinheiro no mundo que pague esse instante de reinado."

Autora: Lívia Mara Ranzani Bertozzo, de 14 anos, da 8ª Série do Ensino Fundamental Escola Estadual Doutor Paulo Zillo, de Lençóis Paulista (SP)
Pseudônimo: Naira (moeda da Nigéria)
Professora orientadora: Miline Ariadne Justo Martins

Este texto fez-me lembrar o inicio, quando eu comecei com esta "bricadeira" da numismática. Achava várias coisas curiosas, entre elas o pensar por quantas mãos, e quais as mãos que aquela moedinha, que agora estava na minha mão, havia passado. Outra coisa que achava piada eram os elementos nas moedas, o que desenvolveu em mim um espirito de pesquisa para entender o porquê desses elementos. Foi por tudo isto que comecei ainda bem pequeno e é por tudo isto que continuo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei o texto.
Também ocorreu-me coloca-lo no meu blog que está em construção (se calhar daqui a 10 anos ainda está em construção... lol).
A primeira vez que o li, no Fórum, já tomado uns "canecos" e estava mais "baboso", emocionou-me imenso. Até aflorou uma "lagriminha" ao quanto do olho.

Pereira - narper

Anónimo disse...

Baboso.
eh eh eh
Abraço
Marçal

Anónimo disse...

Já agora
obrigado Tiago pelos links para aquelas duas moedinhas das honduras que eu ando à procura.
Abraço
Marçal

Anónimo disse...

Estou boquiaberto... Obrigado por ter partilhado a história da menina de 14 Anos!